O Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, teve um encontro informal com alguns jornalistas por ocasião da morte do Papa Francisco e sua iminente partida para Roma. Lá, ele comparecerá ao funeral do pontífice e participará pela primeira vez do Conclave.
Um momento em que o patriarca abriu seu coração, trazendo preciosas lembranças com Francisco, a quem conheceu quando era custodio da Terra Santa e o antes ainda arcebispo de Buenos Aires. Depois Francisco veio em visita à Terra Santa, e o encontro que o Papa então lhe pediu para organizar no Vaticano, entre Abu Mazen e Shimon Peres. Uma relação que se tornou ainda mais intensa e contínua nos últimos anos, após sua nomeação a cardeal e o drama da guerra na Faixa de Gaza, que viu o Papa Francisco engajado na linha de frente, todos os dias, no apoio à pequena comunidade cristã.
P. GABRIEL ROMANELLI
Pároco de Gaza
Ele sempre teve grande atenção para esta comunidade e para toda a comunidade da Terra Santa, tanto na Palestina quanto em Israel. Ele liga há mais de um ano e meio, todos os dias. Ele sempre nos pediu para cuidar das crianças e das pessoas que sofrem. A última vez que ele nos ligou foi no Sábado Santo, antes da véspera da Páscoa. Mais uma vez ele nos agradeceu pelas orações e perguntou como estávamos.
Francisco foi um homem carismático, que inverteu padrões abrindo novos caminhos para a Igreja e para o mundo. Ele não se apegava a formas nem a protocolos, mas respondia com entusiasmo ao que o Espírito Santo lhe sugeria para o bem do povo que lhe estava confiado. A paternidade de Francisco é palpável, seu amor ao Evangelho é sem meias medidas, sua caridade infinita para com os homens e, em particular – como recordou o Patriarca – para com os pobres, as vítimas da guerra, os explorados.
Francisco foi um homem livre que pediu aos cristãos que fossem livres, que soubessem ler os sinais dos tempos a partir da presença de Jesus em cada homem e circunstância, e aqui na Terra Santa, como em outras partes do mundo marcadas pela guerra, ele indicou sem medo o caminho da justiça e do perdão.
Amor ao povo judeu e aos muçulmanos, aos distantes e aos desanimados, atenção aos últimos da terra e à casa comum, como critérios fundamentais para equilibrar e gerir o ritmo do progresso. Ele foi um grande papa que marcou um antes e um depois na história da Igreja.
Todos os líderes mundiais, incluindo israelenses e palestinos, uniram-se ao luto pela perda do Santo Padre. N’Ele o mundo tinha um farol que dissipou as muitas sombras que obscurecem o horizonte: Francisco trazia aquela luz própria de quem não tem outra missão senão anunciar Jesus Cristo e o destino glorioso que Ele abriu na história de todos os homens e de todos os povos, um destino que se realiza envolvendo a liberdade, a inteligência e a vontade, mas que é garantido, sobretudo, pela Graça do Senhor ressuscitado.
Que o Papa Francisco, ao retornar à casa do Pai no dia de Páscoa, nos ajude a crescer na fé, na esperança e na caridade, as únicas coisas de que os cristãos e a Igreja, e isso vale para todos os tempos, realmente precisam.